A cirurgia de catarata consiste na retirada do cristalino, lente natural do olho que se encontra opacificada e endurecida, prejudicando a visão. Ela é realizada há milhares de anos! Porém, a cirurgia atual é bem diferente das realizadas antigamente, mesmo se comparada a poucos anos atrás.
E o que existe de mais moderno hoje na cirurgia de catarata? Vários pontos podem ser destacados:
- exames pré operatórios;
- anestesia local;
- técnica de facoemulsificação;
- laser femtosegundo;
- lentes intraoculares.
Exames pré operatórios
A catarata é diagnosticada durante a consulta oftalmológica, em que o oftalmologista examina cada estrutura ocular. Quando a cirurgia é indicada, são solicitados exames complementares para avaliar a segurança do procedimento e definir o grau da lente intraocular a ser utilizada para substituir a lente natural do olho, que será retirada.
Os exames modernos proporcionam muita exatidão no cálculo do grau da lente, muitas vezes conseguindo que o paciente deixe de usar óculos após a cirurgia. Além disso, avaliam se a córnea está saudável e não apresenta risco aumentado de complicação durante o procedimento.
Exames indicados antes da cirurgia de catarata:
- Topografia Corneana ou Ceratoscopia Computadorizada: exame que analisa o relevo da córnea e determina a sua curvatura. Essas medidas são utilizadas para calcular o “grau” da lente intraocular a ser implantada.
- Ecobiometriaultrassônica: exame que utiliza o ultrassom para medir o comprimento do olho e calcular, utilizando dados da topografia corneana, a lente intraocular.
- Biometria óptica (IOL master ou Lenstar): exame de biometria que utiliza a interferometria para medir o comprimento ocular com maior precisão que a ecobiometria ultrassônica. Os dados obtidos com o exame são utilizados para calcular a lente intraocular.
- Microscopia Especular da Córnea: exame que fotografa a camada interna da córnea, chamada endotélio, responsável pela sua transparência. Se o paciente apresentar alteração na contagem ou no formato das células, alguns cuidados adicionais deverão ser tomados durante a cirurgia para evitar complicações.
- Mapeamento de retina: exame da retina central e periférica, vasos sanguíneos e nervo óptico. Através dele o fundo de olho é mapeado e suas alterações registradas. Lesões na periferia da retina predisponentes a descolamento devem ser tratadas antes da cirurgia de catarata.
Anestesia
A cirurgia de catarata é realizada com anestesia local e uma sedação leve. Isso garante o maior conforto possível durante e após o procedimento.
A anestesia pode ser local, com a infiltração do anestésico através da pálpebra inferior, no espaço abaixo do olho. Outra opção é a anestesia tópica, que utiliza apenas medicações na forma de colírios ou gel, aplicadas diretamente na superfície ocular.
O cirurgião, durante a avaliação pré operatória, decide qual a opção mais indicada para cada paciente.
Facoemulsificação
A cirurgia de catarata é realizada utilizando-se a técnica de facoemulsificação, em que é utilizado ultrassom para quebrar a catarata em pequenos fragmentos que são então cuidadosamente aspirados.
Nesta técnica é feita uma pequena incisão na córnea (aproximadamente 2,0mm) utilizando uma lâmina especial. Através desse orifício, o cirurgião insere um pequeno instrumento que abre a cápsula do cristalino para permitir o acesso à catarata. Ele então introduz a caneta de facoemulsificação, que fragmenta e aspira a lente opacificada.
A lente intraocular artificial é implantada dentro da cápsula para maior estabilidade e precisão da correção visual. Não é necessária sutura da incisão na maioria dos casos. Esta técnica cirúrgica tem excelentes resultados, quando realizada por um cirurgião experiente. Na literatura são descritas taxas de sucesso em torno de 98%.
Laser femtosecond
O laser é utilizado na cirurgia de catarata para realizar alguns dos passos que na técnica tradicional de facoemulsificação são realizados manualmente:
- incisão na córnea;
- abertura da cápsula do cristalino;
- fragmentação inicial da catarata.
Além disso, o laser pode ser utilizado durante o procedimento para corrigir astigmatismo através de pequenas incisões adicionais na córnea, em locais específicos.
O laser proporciona maior precisão dos cortes, que são realizados sempre da mesma forma. Manualmente, esse nível de reprodutibilidade é difícil de alcançar. Além disso, a possibilidade de correção do astigmatismo é muito interessante em alguns pacientes.
Lentes intraoculares
Após a retirada da catarata e limpeza cuidadosa, a lente intraocular é implantada utilizando-se injetores especiais, dentro da cápsula do cristalino. Desta forma, fica centralizada no eixo de visão proporcionando a melhor correção possível.
Existem vários tipos de lentes e sua indicação depende de características individuais: personalidade, profissão, atividades preferidas, estilo de vida, além de aspectos psicológicos e sociais.
O cirurgião deve analisar junto com o paciente as opções disponíveis para que ele possa recomendar a solução que proporcione mais conforto e satisfação permanente.
Para calcular o “grau” das lentes são utilizados exames pré operatórios específicos: topografia corneana, ecobiometria ultrassônica ou biometria óptica (IOL master ou Lenstar). Os parâmetros obtidos através dos exames são utilizados em fórmulas matemáticas que calculam a lentes intraocular de cada olho.
As lentes convencionais conseguem corrigir apenas a miopia, a hipermetropia e astigmatismos baixos. Após a cirurgia, o mais comum é que não sejam necessários óculos para longe, mas apenas para leitura. No caso de pacientes com astigmatismo acima de 1,00 “grau”, provavelmente serão prescritos óculos multifocais no pós operatório.
Atualmente, existem várias lentes de tecnologia bastante avançada, desenvolvidas para corrigir os astigmatismos maiores e até a presbiopia (vista cansada):
-
Lentes asféricas: elas possuem um desenho especial, levemente plano nas suas margens, melhorando a qualidade da visão e a ocorrência de glare (halos coloridos em torno das luzes) após a cirurgia.
-
Lentes com filtros: algumas lentes possuem filtros que bloqueiam os raios ultravioleta e alguns comprimentos de onda da luz azul, protegendo o olho dos raios nocivos associados à degeneração macular e outras doenças.
-
Lentes tóricas: um paciente portador de astigmatismo acima de 1,00 grau e que não deseja usar óculos para longe após a cirurgia pode optar por uma lente intraocular tórica. Neste caso, posteriormente irá necessitar apenas de óculos para leitura.
-
Lentes multifocais e tóricas multifocais: tem o objetivo de corrigir o grau de longe, incluindo astigmatismo, e o de perto, possibilitando que o paciente não use mais óculos após a cirurgia. Existem vários tipos de lentes multifocais e sua escolha depende da experiência do cirurgião e do perfil do paciente.
A cirurgia de catarata moderna é segura e proporciona ótima visão no pós operatório, nas mãos de um cirurgião habilidoso. Porém, é importante que todas as opções disponíveis sejam discutidas para que o paciente tenha acesso a essas tecnologias de ponta e obtenha resultados ainda mais incríveis!